sábado

Alexandre Abade; um exemplo de superação.


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Alexandre Abade, 39 anos, é um profissional. 

Tem dois livros lançados, está escrevendo o terceiro, dá palestras motivacionais e circula e se comunica com facilidade em grupos das mais variadas idades. Alexandre Abade é um profissional. Mas não apenas por esses motivos. É profissional em vencer as adversidades. É profissional em realizar sonhos. Em compartilhar o aprendizado que colheu com as vicissitudes da vida, que o atingiram antes mesmo de deixar o ventre da mãe. Portador de osteogênese imperfeita, sofreu fraturas ainda no útero. Com ajuda de uma cadeira de rodas elétrica, ele avança. É preciso dar sentido à existência. E nisso, o menino dos ossos de vidro é profissional.
A mais recente empreitada de Alexandre foi a produção de uma peça sobre discriminação racial, com estudantes do Centro de Ensino Fundamental 4 de Sobradinho, escola em que ele também estudou. Lá, ele ganha uma bolsa e trabalha como educador voluntário social, além de cuidar do laboratório de informática. A ideia surgiu em meados de julho e, desde então, ele trabalha com 12 jovens do 6º e 7º anos. O grupo se apresentou pela primeira vez na última quarta-feira, em 21 de novembro, durante uma celebração atrasada do Dia da Consciência Negra. A intenção é se apresentar de novo, com mais qualidade.

Uma sala de aula foi montada como cenário no meio da quadra de esportes do CEF 4. Entre a atenção e as gargalhadas dos colegas, as atrizes contaram a história de quatro estudantes negras que sofriam preconceito de colegas brancas de uma instituição pública de ensino. O caso foi abafado pela diretora da escola. Além de dirigir e participar da composição do roteiro, Alexandre narrou e interpretou o professor que dizia às jovens injustiçadas que corressem atrás de seus direitos. No fim, elas conseguem afastar do cargo a gestora, que também era mãe das agressoras, e a mulher reconhece o próprio erro.

Bastidores

Minutos antes da peça, o grupo de meninas com idades entre 12 e 13 anos corria para resolver as últimas pendências. Um cartaz que não estava no lugar, uma pasta com os textos ou o medo de ir a público. Cercavam Alexandre em busca de orientações e, ao mesmo tempo, estavam atentas às necessidades do educador, que falava com tranquilidade e paciência. “Inicialmente, falaríamos de inclusão de um modo geral, mas nos atentamos à proximidade do Dia da Consciência Negra. Dei liberdade para que elas desenvolvessem as ideias. Queria que elas vissem que eram capazes de fazer a peça e de se apresentar”, conta o educador.

Como de costume, ele fez um trabalho de camadas. “A peça é uma mensagem de incentivo para que as pessoas aceitem mudar o modo de pensar e de agir. Muitas vezes, as pessoas só precisam de um pequeno incentivo para verem as coisas de outra forma. A falta de perspectiva e incentivo paralisa as pessoas.”


Vivência

Não é a primeira vez que o menino dos ossos de vidro se envereda pelo mundo do teatro. Como ele mesmo afirma, a prática da sexta arte foi fundamental para combater uma timidez, talvez oriunda da própria condição física de Alexandre, que tem osteogênese imperfeita. Já as meninas, nunca tinham se apresentado para um grupo maior que a própria sala de aula. O resultado do trabalho em equipe acabou surpreendendo a todos e o educador, especialista em motivar as pessoas, se viu motivado pelas garotas. “Vê-las se superar, comparecer, e, no fim, se apresentar foi incrível. Claro que, se elas não acreditassem, não teriam se apresentado”, lembra.

As doze jovens que, juntas, montaram a peça com Alexandre Abade, têm entusiasmo flagrante na fala e no olhar. Maria Luísa Araújo, 12 anos, descreve os exercícios e a apresentação como “uma experiência nova” em sua vida. “Quando a gente se une, as coisas ficam mais fáceis e a apresentação também é um pouco sobre isso. No fim, somos todos iguais”, reflete.
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“Passamos a mensagem de que a cor da pele não deveria importar”, lembra Lorrany Nunes. Atenção ao modo de pensar, falar e agir foi como Lara Raquel Farias da Silva, 12, compreendeu a mensagem final da peça e de todo o trabalho. “A gente precisa ter mais consciência do que vai dizer, dos nossos pensamentos e do que fazemos no nosso dia a dia”, conclui.

A atenção especial de Alexandre para motivar e ensinar a superar obstáculos tem razão de ser (veja Memória). Ao nascer, ele foi desenganado pelos médicos. Só viveria até os 12 anos. Viver mais custou caro. Até os 17, teve mais de 320 fraturas por todo o corpo. “Se Deus me permitiu estar aqui hoje, tenho que ensinar isso para as pessoas. Tenho que motivá-las. A motivação muda as nossas vidas. Ela cura tudo. E temos que mostrar alternativas para os jovens.”

Arrumado, com a cadeira de rodas elétrica limpa e impecável, Alexandre Abade observa o mundo com olhos vivos. Sabe que ainda há muito por fazer. Se diz realizado, mas parece estar sempre em busca de um próximo degrau, de uma nova superação. Alexandre Abade é um profissional.

História de superação

A história de Alexandre Abade ganhou as páginas de jornal matérias publicadas em agosto de 2009, no Correio. À época, ele realizava o primeiro dos seus grandes sonhos. Ia se formar. “Na próxima sexta, 28, Alexandre colará grau. Será, certamente, um dos dias mais importantes de sua vida. Vestirá beca e, sentado na sua cadeira de rodas, empurrada pelo irmão e pela mãe, será o orador oficial da turma. E dirá, olhando fixamente para aquele auditório lotado, usando a letra de uma música preferida dos Titãs: "Quando não houver esperança, quando não restar nem ilusão, ainda há de haver esperança", escreveu Marcelo Abreu, na edição de 23 de agosto. Menos de um mês depois, uma moradora da Asa Sul reuniu amigos e, juntos, eles desembolsaram R$ 8 mil para a compra de uma cadeira de rodas elétrica.

Mais projetos

Alexandre Abade busca apoio, atualmente, para dois projetos. Ele pretende reunir donativos para famílias carentes no Natal e também procura ajuda para imprimir o terceiro de seus livros, A fé que remove montanhas. Abade é autor de Faça a diferença, que escreveu com Simone Ferreira de Morais, e Amigos que fazem a diferença, inclusão em ação, obra um pouco mais curta, voltada para o público juvenil. 

Quem quiser entrar em contato, pode ligar para ele no número 98435-4191.


Fonte: Correio Braziliense

quarta-feira

Decreto de Temer fecha portas de concursos públicos a pessoas com deficiência.

Decreto passou a vigorar a partir do mês de novembro.
O presidente Michel Temer alterou o decreto Nº 9.508, de 24 de setembro, que estabelecia regras para participação de candidatos com deficiência em concursos públicos. Agora, conforme o documento publicado no Diário Oficial da União, passa a vigorar o decreto Nº 9.546, de 30 de setembro, que exclui a necessidade de adaptações adicionais, inclusive durante o curso de formação, se houver, e no estágio probatório ou no período de experiência.
“Os critérios de aprovação nas provas físicas para os candidatos com deficiência, inclusive durante o curso de formação, se houver, e no estágio probatório ou no período de experiência, poderão ser os mesmos critérios aplicados aos demais candidatos, conforme previsto no edital”, diz o texto.
Para Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), decreto do governo que veta prova adaptada fere princípios da dignidade, da não-discriminação e é inconstitucional.
São Paulo – A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), do Ministério Público Federal (MPF), levou à procuradora-geral da República, Raquel Dodge, representação para que ingresse com um pedido de inconstitucionalidade do Decreto 9.546/2018 no Supremo Tribunal Federal (STF). O decreto assinado pelo presidente Michel Temer acaba com as provas adaptadas para pessoas com deficiência em concursos públicos e outros processos seletivos do governo federal. E define que critérios de aprovação serão os mesmos das pessoas que não possuem deficiência.
Para a PFDC, o novo decreto fere o artigo 3º da Constituição Federal de 1988 – que trata dos princípios da dignidade, do pluralismo, da igualdade e da não-discriminação. Viola ainda diretrizes estabelecidas pela Lei Brasileira de Inclusão (LBI) e pela Convenção Internacional da Pessoa com Deficiência, que ganharam status de emenda constitucional. 
“A intuição de que algumas ocupações ou alguns cargos não condizem com a deficiência é preconceito, discriminação e desconsidera conceito atual de deficiência, que não está centrado no sujeito, e sim em seu entorno”, explicou a procuradora federal Deborah Duprat.

O ato de Temer altera o Decreto 9.508/2018, que regulamenta a aplicação das provas a partir do conteúdo da Lei Brasileira de Inclusão. A lei estipulou a “adaptação razoável” para todas as provas de concurso público e de processo seletivo, bem como para curso de formação, estágio probatório ou período de experiência. “A adaptação razoável é um conceito que atende às singularidades dos sujeitos e que, por isso, não conta, logicamente, com exceções. A sua definição já leva em conta o exercício sempre feito nessa matéria: ônus administrativo x mínimo existencial”, disse Deborah.
Para a procuradora, a Lei Brasileira de Inclusão é suficientemente clara ao estabelecer que é finalidade primordial das políticas públicas de trabalho e emprego promover e garantir condições de acesso e de permanência da pessoa com deficiência no campo do trabalho. “Se não há adaptação razoável para as provas físicas, há uma fase do concurso que compromete a participação de pessoas com deficiência, na contramão do lúcido entendimento do STF”, ressalta a PFDC.
O STF possui jurisprudência com uma série de parâmetros em relação aos critérios a serem observados pela administração pública no que se refere às políticas de cotas, estabelecendo que a reserva de vaga deve ser aplicada em todas as fases do concurso e para a carreira funcional do beneficiário. 

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