Uma mulher acusa a equipe do Hospital Infantil Candido Fontoura, em São
Paulo, de ter provocado fraturas nas pernas de seu filho, um bebê de
apenas dois meses, durante a coleta de líquor (líquido que envolve o
cérebro e a medula espinhal). O exame é feito para detectar doenças como
a meningite.
Eduardo, de 2 meses, teve fraturas nas duas pernas e está internado na Santa Casa (SP)
Cybelle Petricelli, 24 anos, levou Eduardo ao hospital no último dia 30
porque o filho estava com febre. Segundo ela, a médica da criança a
encaminhou ao pronto-socorro, que solicitou raio-X, exames de sangue e
de líquor. No último procedimento, ela teria sido orientada pela médica e
pela auxiliar a permanecer fora da sala. "Fiquei encostada perto da
porta e ouvi meu filho gritar de um jeito diferente", contou a mãe ao. "Ouvi até a médica dizer: 'calma, bebezinho'."
Após o exame, a médica teria dito a Petricelli que haveria risco de ter
que refazer a coleta, porque um vasinho havia se rompido e o líquido
poderia ter sido contaminado com sangue.
Algumas horas mais tarde, a mãe percebeu que as pernas de Eduardo
estavam muito inchadas. "Meu marido procurou o médico que estava naquele
horário e pediu que me filho fosse examinado", relatou. Mas o
profissional teria atribuído o inchaço às contrações musculares
ocorridas durante a coleta e afirmou que não reavaliaria a criança. Só
depois de muita insistência, enfatizou a mãe, a equipe decidiu fazer um
raio-X, que detectou uma fratura em cada fêmur.
Como não há ortopedia no hospital, o bebê foi transferido para a Santa
Casa de Misericórdia, onde está internado até agora, com as pernas
enfaixadas. A família registrou boletim de ocorrência no 57º Distrito
Policial, e houve abertura de inquérito. Segundo o advogado criminalista
Ademar Gomes, que foi contratado pelos pais de Eduardo, também foi
instaurado procedimento administrativo junto ao Conselho Regional de
Medicina (CRM).
Investigação
Por meio de nota enviada pela assessoria de imprensa da Secretaria de
Saúde do Estado de São Paulo, o Hospital Infantil Cândido Fontoura
esclareceu que a metodologia e a força empregadas para exame de coleta
de líquor não são capazes, por si só, de provocar fraturas.
"Ao detectar inchaço nas pernas da criança durante o procedimento a
equipe médica da unidade imediatamente realizou exames de imagem que
constataram, além de fratura de fêmur bilateral, duas fraturas de
costela, sendo uma aparentemente recente e outra já calcificada. Os
médicos suspeitaram de osteogênese imperfeita, popularmente conhecida
como doença dos ossos de vidro, e encaminharam o bebê para a Santa Casa
de Misericórdia de São Paulo, referência em ortopedia infantil."
"Outra hipótese", diz a nota, "é de que a criança tenha sido vítima de
agressão anterior ao seu atendimento na unidade". A direção do hospital
disse que determinou investigação interna do caso e que está à
disposição da polícia para prestar todos os esclarecimentos necessários.
Ainda segundo o comunicado, a mãe teria acompanhado todo o procedimento
para coleta de líquor, o que contradiz a versão de Cybelle.
Fonte:UOL
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